quarta-feira, 18 de abril de 2012

Xingu é um filme bom e indispensável!

Os atores são ótimos. Com apenas cinco minutos de filme você acha que o Felipe Camargo é mesmo o Orlando Villas Boas e que o João Miguel é o Claudio Villas Boas.
Xingu trata de uma epopéia moderna — a criação do Parque que leva o nome de um dos grandes rios da Amazonia — e consegue lhe dar um tratamento à altura.
O filme tem a grandiosidade que se espera de um episódio que ajudou o Brasil a se tornar aquilo que é hoje, mostrando a contribuição de alguns indivíduos — os irmãos Villas Boas — para evitar um massacre cultural criminoso e imperdoável.
Se em 2012 nós temos uma noção, por mais superficial que seja, da riqueza herdada dos primeiros brasileiros, e até sabemos da importância de preservar sua tradição e seu modo de vida, o país deve isso, em grande parte, aos irmãos Villas Boas.
Xingu não trata da cultura de nossos indígenas no plano da utopia nem do  sentimentalismo. O filme tem consciência de que, cedo ou tarde, o contato com uma população humana mais poderosa em vários aspectos — militar, tecnológico, econômico — acabará por destruí-los.
Mas Xingu assume um ponto de vista humanitário e realista, aceitando a noção de que é preciso atrasar ao máximo esse processo — para torná-lo o menos agressivo possível. Cao Hamburguer não retrata heróis. Descreve um jogo político, com avanços, recuos e reinvindicações.
O filme se baseia em personagens e fatos reais. Tem a preocupação de localizar os episódios e personagens em sua época. Senti falta de alguns detalhes a esse respeito. Há uma sequência em que se vê um ataque indigena a um acampamento de madeireiros que invadiram suas terras, em combinação com políticos locais. Fiquei sem saber se aquele episódio ocorreu mesmo ou se Cao Hamburguer fundiu vários acontecimentos num evento único.
Mas este aspecto é pequeno diante da grandeza de uma obra feita com cuidado e rigor.

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