O presidente do Uruguai,
José “Pepe” Mujica, chefe de Estado mais pobre do continente, vive em
condições de austeridade e conserva o mesmo patrimônio que possuía
quando chegou ao poder, em 2010: uma humilde chácara a 20 quilômetros de
Montevidéu e um fusca modelo 1987, avaliado em US$ 1.925. Mujica doa
90% dos US$ 12.500 que recebe mensalmente a programas sociais.
Na semana passada, Mujica, de 77 anos, foi notícia no
Uruguai por ter saído sozinho para comprar uma tampa de privada. Na
volta para casa, o presidente foi visto pelos jogadores do Huracán del
Paso de la Arena, um time local, que o chamaram para comer um churrasco e
conversar. E lá foi Mujica, com a tampa de privada debaixo do braço.
Além
de doar seu salário, Mujica destina parte do dinheiro restante a pagar
tratamentos de saúde para uma de suas irmãs, que sofre de esquizofrenia,
segundo confirmaram pessoas que há muitos anos convivem com o
presidente. Em sua chácara, a única mudança desde que se tornou
presidente foi a construção de uma casinha para os seguranças. Com certa
aversão ao protocolo, Mujica teve de aceitar, também, roupas novas. Mas
sempre preservando seu estilo informal, que não inclui, até hoje, o uso
de gravata.
Em
entrevista ao semanário “Búsqueda”, realizada durante a campanha
eleitoral de 2009, o presidente explicou sua teoria. Para ele, viver
como pobre é a única maneira de libertar-se das pressões da sociedade de
consumo. “Temos de escapar da escravidão que impõe
a dependência material, que é uma das coisas que mais roubam tempo na
sociedade contemporânea”, filosofou então Mujica. “Se você se deixa
arrastar pelas pressões da sociedade de consumo, não existe dinheiro que
alcance, não tem fim, é infinito”.
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