Mais de 6 mil políticos que ocupam algum cargo de gestão no serviço
público já estão inelegíveis por oito anos a contar das eleições
municipais de outubro. Essas pessoas tiveram suas contas julgadas
irregulares pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e, por isso, serão
atingidos pela Lei da Ficha Limpa.
A informação é do presidente do TCU, Benjamim Zymler, que ontem
entregou a lista completa dos gestores à presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia.
“Este é um momento muito importante porque dá consequência concreta
ao julgamento das contas irregulares do TCU”, destacou Zymler.
O presidente do TCU acrescentou que além da punição por multas e
quitação dos débitos pendentes por causa de má gestão de recursos
públicos, essas pessoas estarão inelegíveis. O ministro lembrou que
todos os gestores tiveram suas contas julgadas em caráter definitivo,
prerrogativa para que uma pessoa seja enquadrada na Lei da Ficha Limpa.
“Realmente essa é uma consequência importante, e muito bem-vinda a
possibilidade de tornar inelegíveis aqueles que não souberam lidar com o
dinheiro público de forma adequada”, ressaltou Benjamim Zymler. O
presidente do TCU lembrou que esses gestores tiveram direito, até a
última instância, à ampla defesa.
Durante a audiência, a presidente do TSE informou que caberá à
Justiça Eleitoral julgar se as irregularidades verificadas pelo TCU
sujeitam seus autores à inelegibilidade. Isso ocorrerá, lembrou a
ministra, nos julgamentos de eventuais processos em andamento na Justiça
Eleitoral relativos a esses casos. Ela disse que a relação do TCU será
encaminhada prontamente aos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs). Dos
TREs, a listagem deverá ser enviada ao conhecimento dos juízes
eleitorais.
Cármen Lúcia ressaltou na audiência que a Lei da Ficha Limpa é “uma
das grandes aquisições cívicas” da sociedade brasileira e agradeceu a
contribuição que o TCU presta, com a entrega da relação ao TSE, para o
alcance desse objetivo.
“É um dado da maior significação. Isso mostra que as instituições
públicas, cada qual no seu papel, na sua competência, se alinham para
dar cumprimento a um Estado de Direito muito mais forte”, disse a
ministra.
Entre os gestores de Niterói, entraram na lista o ex-secretário
municipal e estadual de saúde Gilson Cantarino e o ex-prefeito de
Niterói, Godofredo Saturnino da Silva Pinto, que se declarou
pré-candidato a vereador pelo PT. O FLUMINENSE entrou em contato com os
dois ex-gestores, porém, até o fechamento dessa edição, não houve
resposta.
Também ontem, o presidente do TCU entregou ao presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), o relatório de análise das contas do governo
federal. As ações da presidente Dilma Rousseff em seu primeiro ano de
gestão foram aprovadas com 25 ressalvas e 40 recomendações, já
encaminhadas ao Executivo. O relator, ministro José Múcio Monteiro,
destacou que todas as ressalvas estão relacionadas a aspectos de
conformidade da receita pública, da dívida pública, da execução do
orçamento e das demonstrações contábeis.
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